Publicado por: Joaquim Coelho | 23/11/2008

Com o dialecto do meu bairro

com_o_dialecto_do_meu_bairroQuando era pequeno brincava na praia, jogava à bola e ao bogalho. Existiam os abafadores e agente tentava não dar importância a esses rufias. Mas às vezes apanhávamos grandes cagaços, eles eram uns cagões só por serem mais velhos. O Calhotas era o melhor jogador do sítio, mas também era um grande caxêrro, principalmente quando a sua gajinha estava a assistir ao jogo, tornava-se por vezes um ranhoso. A malta às vezes fazia arraias na defesa e era um descalabro total, o Zé da Alzira ficava à babuje e era o golo do varino. Havia com cada basculhe só por malvadezes lançavam bichaninhas aos velhotes para os assustar. Já ninguém podia com o áróles, era um falquêrro, não o tínhamos em conta nem queríamos nada com ele. Por vezes aparecia na praia o “Ervilha nunca falha” para vender rajás aos catraios. Quando jogávamos com uma bola de catechumbe era o acontecimento do ano, a rapaziada sentia-se com um alento novo. A malta nadava na doca e fazia muita barafunda, que por vezes o Cabe Marr era corrido à calhasada. O Cámané já andava no mar com o pai e por vezes íamos dar umas voltas na trránêrra até à Tróia e ao Cagalhão da Marí, esguelha, fazíamos petisco a bordo com umas cervejolas e uns tintos acompanhar, era tudo malta da corda e sê que mantínhamos uma amizade perfeita. O Cámané era um gajo destemido, tinha um grande caparro, feito à custa das redes, mas também na gabine era o maior. O Martinho era uma grande fega quando já estava cafeterra, mas mantinha um coração enorme e toda a gente gostava dele. Foram assim alguns momentos passados no bairro e na praia das Fontainhas o que muito me alegra reviver desses tempos bonitos e também de uma grande saudade.

Nota: Fotografia retirada do site Flickr.


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